O Festival de Cinema de Cannes começou ontem, terça-feira, 17 de maio. Isto se não tiver acontecido nada de surpreendente que tenha impedido a cerimónia de abertura prevista para ser apresentada por Virginie Efira.
Hoje em dia, a gente já não tem certezas nenhumas. Ainda o festival não tinha começado e eis que a bilheteira virtual que dá acesso às projeções avariou. O festival pediu desculpa aos jornalistas na segunda à noite – momento em que escrevo estas linhas – mas toda a gente pensou: devem ter sido hackers russos.
É que, como a Eurovisão o provou, a guerra está em toda a parte, inclusivamente no Festival de Cannes, que reiterou o seu apoio à Ucrânia. Depois de desconvidar personalidades ligadas ao governo de Vladimir Putin, os organizadores decidiram recusar a acreditação de jornalistas russos ligados a jornais que defendam a invasão na Ucrânia, embora esta medida seja difícil de aplicar. A presença de alguns meios de comunicação russos foi autorizada no festival de Cannes, mas apenas se eles não forem do Estado ou se se mostrarem contra o regime russo.
Mas passemos ao que interessa, as estrelas e o tapete vermelho!
Como estou a escrever antes da cerimónia de abertura e os meus estimados leitores estão a ler depois, já devem ter visto a montée des marches et uma série de estrelas de primeira grandeza na Croisette.
A seleção oficial dá uma ideia das estrelas que vão estar em Cannes e estes nomes estão confirmados: Tom Cruise, Tom Hanks, Lea Seydoux, Kristen Stewart, Viggo Mortensen, Anne Hathaway, Tilda Swinton, Idris Elba, Marion Cotillard, Melvil Poupaud, Pierre Niney, Isabelle Adjani, Jean Dujardin, Gilles Lellouche, Adele Exarchopoulos e Vincent Lacoste.
O júri do festival também trará a sua quota-parte de estrelas. Vincent Lindon foi nomeado presidente do júri do festival para esta edição. Ao seu lado, conta com um grupo de prestigiados atores e realizadores: Noomi Rapace, Asghar Farhadi, Rebecca Hall, Deepika Padukone, Jasmine Trinca, Ladj Ly, Jeff Nichols e Joachim Trier.
Continuando nos assuntos importantes deste festival de Cannes de 2022 saiba que Virginie Efira, que é a mestre de cerimónias este ano, escolheu cuidadosamente o seu look para a abertura do festival. Trata-se de um simples vestido Saint Laurent. Estruturado, sem muitos frufrus. É muito francês, mesmo que o estilista seja belga. “Anthony Vaccarello e eu andámos, aliás, na mesma escola em Bruxelas”, indicou a atriz de 45 anos.
Mas ao lado de uma vedeta de 53 anos que chega da Austrália para incendiar as noites da Croisette, Virgine é uma miúda. Kylie Minogue é a nova estrela da Magnum Beach durante o festival. Para a ocasião, a cantora e a DJ Peggy Gou remixaram a faixa de culto “Can’t Get You Out Of My Head”.
Obviamente que a australiana está emocionada com a parceria que assinou com a Magnum (sim, os gelados) e a versão remixada de “Can’t Get You Out Of My Head” vai ser apresentada dia 19 de maio. Ainda vai a tempo de descer até à Côte d’Azur, se quiser assistir a este evento de importância mundial.
E agora vamos a coisas mesmo mais sérias. Vincent Lindon é o presidente do júri. Ninguém sabe o que esperar deste francês de 62 anos, que é um assíduo ator no Festival de Cannes, e que já recebeu pela primeira vez em Cannes um prémio pela interpretação em “La Loi du marché”, de Stéphane Brizé, em 2015 (na foto).
Lindon diz que é uma grande honra e um orgulho muito grande terem-lhe confiado, nesta época de tumultuosos e múltiplos eventos que vive o mundo, a esplêndida e pesada tarefa de presidir a este júri, disse o ator em um comunicado de imprensa após ter sido anunciado como presidente do grupo de artistas que vai decidir que vai ficar com a Palma de Ouro de 2022, neste regresso à normalidade, ou quase.
A quantidade de festas que caracterizou os anos loucos, em que homens como Harvey Weinstein eram figuras omnipresente no festival, não vai ainda acontecer em 2022. As preocupações com a covid-19 não desapareceram. Os participantes não serão testados, mas são fortemente encorajados a usar máscara.
Um produtor norte-americano conhecedor de Cannes dizia-me que os direitos de distribuição de filmes passaram a ser comprados e vendidos em reuniões virtuais, em vez de no Marché du film. Os encontros de antigamente entre vendedores e compradores nos hotéis, ao longo da Croisette, ocorreram em grande parte no Zoom antes do festival. A negociação tornou-se mais focalizada nos negócios e Cannes vai por isso ter menos contratos assinados e, de certeza, menos festa.
Raúl Reis, em Cannes