A agência de vendas e produtora sediada em Paris, Luxbox, vendeu os direitos de distribuição franceses de 12 filmes do falecido cineasta português Manoel de Oliveira à Capricci Films, uma produtora e distribuidora especializada em clássicos da Sétima Arte.

A Capricci planeia lançar os filmes restaurados nos cinemas de toda a França a partir de 2024.

Expressando o seu orgulho por adicionar alguns dos melhores filmes de Oliveira ao seu catálogo, Louis Descombes, de Capricci, disse: “Há muito que esperávamos poder dar nova vida ao trabalho único e incrivelmente moderno do cineasta português”, disse à revista Variety.

A distribuidora com sede em Bordéus pretende começar os lançamentos com “Vale Abraão” já na primavera de 2024.

Trazer de volta os filmes de Oliveira aos cinemas franceses “não seria possível sem o trabalho da Cinemateca Portuguesa que já restaurou “Vale de Abraão” e continuará a digitalização e restauro dos restantes filmes em 2024, incluindo o primeiro filme de Oliveira, ‘Aniki -Bóbó’”, disse a CEO da Luxbox, Fiorella Moretti.

Inspirado no clássico conto Madame Bovary, de Gustave Flaubert, “O Vale de Abraão” teve este ano uma exibição especial na Quinzena dos Realizadores de Cannes, que também prestou homenagem ao realizador com o seu cartaz oficial com a imagem da atriz portuguesa Leonor Silveira. O filme de Oliveira foi apresentado nessa seleção paralela do festival de Cannes há 30 anos.

A dúzia de títulos adquiridos pela Capricci Films inclui a docuficção de 1963 “Acto da Primavera”, a comédia sombria sobre casamento “Passado e Presente” (1972), a tragédia romântica “Amor de Perdição” (1978) e a sátira “Os Canibais” (1988).

A Luxbox tinha adquirido os títulos do catálogo do falecido cineasta português em maio passado, num acordo entre Moretti e Manuel Casimiro Brandão Carvalhais de Oliveira, representante legal do espólio do cineasta.

Nascido no Porto, Manoel de Oliveira já foi considerado o cineasta activo mais antigo do mundo do cinema. Realizando o seu primeiro filme, “Douro, Faina Fluvial”, em 1931, continuou a fazer filmes durante 84 anos até morrer em abril de 2015, aos 106 anos.

Entre os muitos prémios que recebeu contam-se o Leão de Ouro de Carreira do 61º Festival de Cinema de Veneza, o Leão Especial pelo conjunto do seu trabalho no 42º Festival de Cinema de Veneza, uma Palma de Ouro Honorária no Festival de Cannes de 2008 e a Legião Francesa de Honra.